BIOGRAFIA



Reginaldo Alves Ferreira nasceu no distrito de Brejo da Madre de Deus no Agreste de Pernambuco, no dia 23 de Junho de 1940, em plena véspera de São João. O interesse pelo o instrumento surgiu dentro da própria família; pois ele era filho de Antônio Ferreira da Silva, conhecido como: “Antoí Neco”, um agricultor e sanfoneiro. Seu pai deixava a sanfona de oito baixos (acordeão diatônico) sempre na cama quando ia para a roça. Então o menino de sete anos começou a treinar escondido, em pouco tempo conseguia tocar a toada "Maria Bonita" que era sucesso nos sambas (nesta época – samba significava um tipo de festa) no final da década de 1940. O pai, quando ouviu o filho tocar, pulou de alegria e o incentivou a continuar tocando, e com muito orgulho sempre o levava para as feiras e festas de padroeiro da região. Reginaldo buscou aperfeiçoar sua sanfona ouvindo a quem ele considerava, além de seu pai, seu grande mestre e amigo: Luiz Gonzaga, que conheceu em 1960, quando ingressou na Rádio Difusora de Caruaru, onde teve a oportunidade de estudar mais o instrumento e aprender algumas dicas com outros profissionais, como o pianista João Vaqueiro, o pianista e maestro Zé Gomes.
Por ser funcionário da rádio tinha que acompanhar todos os artistas que viriam se apresentar nos programas da rádio, e ai foi sua grande escola, porquanto teve contato com vários estilos, gêneros enriquecendo assim seus conhecimentos musicais. Neste período Reginaldo conviveu com grandes nomes da música popular brasileira como: o paraibano Sivuca e o alagoano Hermeto Pascoal que eram também funcionários da casa, e acompanhou outros, como: Nelson Gonçalves, Alternar Dutra, Ary Lobo, Emilinha Borba dentre ouros da era do rádio. Foi nessa época que ganhou o apelido que o consagraria. Um dia, estando atrasado para o programa “Expresso da alegria”, chegou correndo na rádio e o apresentador do programa na época Arlindo Silva já tinha anunciado o mesmo, então ele pegou a sanfona rapidamente e começou a tocar a introdução de uma música, mas a introdução saiu diferente e o Jacinto Silva (o cantor na época) achou estranha a introdução e não entrou cantando a música, quando olhou para trás viu Reginaldo com o rosto todo vermelho, e ai falou: "De novo Camarão". A partir daí passou a ser conhecido como Camarão.
E foi também na Rádio Difusora de Caruaru, que ele criou seu primeiro grupo musical, o Nordestino do Ritmo, junto com Deó do Baião, e Ivanildo Leite. Em 1961, Mestre Vitalino e o Camarão junto com seu grupo representaram Pernambuco, no primeiro aniversário de Brasília; convite feito pelo o então Presidente da República Jânio Quadros. Em 1962, foi contratado pela gravadora pernambucana Rozenblit, que possuía o selo Mocambo” e lançou seu primeiro disco, um 78 rpm.
Em 1964 apareceu uma oportunidade de gravar um disco de Sanfona de oito baixos (acordeão diatônico) foi seu primeiro LP chamado “Lá vai Brasa” gravadora na Rozenblit, selo Mocambo. Em 1965, participou da coletânea "Forró do Zé do Gato" da gravadora Rozenblit, com o selo Mocambo; ainda neste ano Camarão gravaria um disco vinil com o seu trio chamado de “Trio Nortista” pela gravadora Rozemblit, com o selo disco família. Um ano depois, participou da coletânea "Viva São João - VOL. 4", também da gravadora Rozenblit, com o selo Mocambo. Em 1967, fez parte da coletânea "Nordeste Cabra da peste" da Mocambo.
Camarão foi chamado para fazer o São João do Clube Intermunicipal de Caruaru em 1969, contudo o presidente do clube na época seu Jorio Valença queria o São João diferente, pois já há certo tempo quem fazia lá, era o sanfoneiro Zé Tatu, ele pediu a Camarão que cria-se uma banda estilo as Big Bands americanas, pois neste ano ele queria uma coisa diferente. Então o mestre criou a primeira banda de forró do Brasil, chamada Bandinha do Camarão, que foi um sucesso total na região, Luiz Gonzaga quando viu a banda, falou – Camarão, eu fui convidado para ser o diretor artístico da RVC Vitor, se de tudo certo, ainda esse ano levo sua banda pra gravar lá. Neste mesmo ano a Bandinha do Camarão gravou na RCA Vitor com o selo Camden. No ano seguinte (1970) gravaria a bandinha seu segundo LP pela RCA Vitor com o selo Camden. Neste mesmo ano Camarão também lançava a banda “Los Marines” embalo 70 pela gravadora Continental, selo musicolor.
Ele lançou vários artistas no mercado fonográfico, como: Azulão, Joana Angélica, Ovelha, Deo do Baião, Sandro Rogério entre outros. Em 1971 ele gravaria seu segundo disco solo pela gravadora Rosenblit, selo A.M.G. Chamado “Camarão quente no São João”. Em 1972 gravaria seu terceiro disco solo, chamado “Com Camarão em todo canto tem forró” pela gravadora Rozenblit, selo passarela. No ano de 1973 seu quarto disco seria um ao vivo, pela gravadora Rozenblit, e selo passarela. O vinil se chama “Camarão ao vivo”; Um ano depois lança seu quinto disco solo (foi o disco mais popular de sua carreira) gravando pela Rozenblit com o selo A.M.G. Titulo do disco “Retrato de um forró”. Em 1975, Camarão torna-se diretor musical do Palhoção de Marrone, neste período ele contratou vários artistas para o Palhoção, como: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês que vem com um jovem sanfoneiro, chamado: Gennaro (que substituiria Lindu no Trio Nordestino anos depois); dentre outros artistas da época. Em 1976, gravou pela Tropicana com o selo Cantagalo (selo independente do saudoso Pedro Sertanejo) e distribuído pela CBS o seu sexto LP chamado “Forró no Palhoção”.
Em 1977, participou da coletânea "Sorte", um lançamento independente, contendo gravações com as versões musicais dos jingles usados pela Caixa Econômica Federal, na divulgação das extrações da Loteria Federal, com a participação de diversos artistas. Em 1978, seu sétimo LP solo seria pela gravadora C.I.D, com o selo Itamaraty; com o nome “Na toca do Camarão”; neste mesmo ano o selo Itamaraty, lança um LP chamado "Forró picado". Começava então uma parceria que durariam três anos. Ainda neste ano, Camarão teve o prazer de gravar junto com seu ídolo (Luiz Gonzaga) a música “Garoto do Grotão”. No ano de 1979 no seu oitavo LP chamado “Bem ti vi atrevido”. No ultimo ano de parceria com a gravadora C.I.D e o selo Itamaraty, surgiu em 1980, seu nono LP, chamado “Casa de festejo”.
 Em 1981 através da gravadora Copacabana surge o terceiro LP da Bandinha do Camarão. No repertório dele está sempre presente o melhor do forró tradicional, principalmente de Luiz Gonzaga. Considerado um ícone da sanfona e referência da música nordestina; começou a ser conhecido como Maestro ou Mestre Camarão, título esse concebido não por formação, mas outorgado pelos radialistas e parceiros de música da época. Camarão retorna a gravar em 1983, pela gravadora Rozenblit e o selo NIF; seu décimo LP com o título “Braz, pedacinho do norte”. No outro ano, ainda com uma parceria com a gravadora Rozenblit e o selo NIF; lança seu décimo primeiro LP com o título do disco “Camarão ao molho de forró”. O mestre passou um ano sem gravadora e retornou a gravar em 1986 através da gravadora Polygram e o selo Memória; gravando seu décimo segundo LP, o ultimo na era dos vinis; que teve o título “Forró pra Frente”.
Mestre Camarão regeu a primeira Orquestra Sanfônica nordestina que foi criada em Caruaru em 1992. Ele dedicou a maior parte de sua vida à música, sobretudo, à sanfona. Sempre teve um costume de ajuda os colegas sanfoneiros, passando informações importantes e técnicas no instrumento. Então em 1994 foi criada a Escola “Acordeon de Ouro” em Recife-PE; onde ele começou a transmitir sua experiência para novos profissionais. Hoje temos vários profissionais que passaram pela batuta do Mestre Camarão; São eles: Marquinhos Café, Rinaldo Oliveira (músico do cantor Santanna – o cantador), Cezzinha Thomaz, Tagino Goldin, Ítalo Costa, Pernalonga (músico de Genival Lacerda) entre outros.
Já em 1998 ele lança o seu primeiro CD pela gravadora Inglesa Nimbus Records. Trabalho raro, pois só foi lançado na Europa e Estados Unidos; o título do CD é – “Camarão plays forró”. No ano de 1999, foi homenageado no São João da Prefeitura de Caruaru-PE. Nessa época com a invasão da pirataria as gravadoras tiveram grande prejuízo, prejudicando assim também os artistas que tinham parcerias com elas. Então tentando se adaptar ao novo tempo, em 2000, Camarão lança comemoração seus 50 anos de carreira, seu segundo CD, só que desta vez, seria independente, o titulo do CD foi “Forrofando em Caruaru” (trabalho muito elogiado pelos críticos na época).
Em 2002, participou do projeto Sanfona Brasil, em São Paulo; com outros grandes sanfoneiros, entre eles; estavam: Sivuca, Zé Calixto, Dominguinhos, Arlindo dos oitos baixos entre outros. Em 2004, participou de outro grande projeto chamado O Brasil da Sanfona, do qual surgiu um CD com gravações ao vivo do projeto.
Por Camarão ser considerado um mestre da sanfona e referência da música nordestina, em 31 de Janeiro de 2006, foi contemplado como Patrimônio Vivo de Pernambuco, pela Lei Estadual 12.196 de 2 de maio de 2002. E o reconhecimento não parou por ai em 2007, a prefeitura da cidade do Recife (PE) homenageou no São João. Em 2008 o governo do estado de Pernambuco também homenagear Camarão no São João; neste mesmo ano é lançado o Filme “O Milagre de Santa Luzia” com sua participação. Depois de tantas homenagens a esse mestre da sanfona sua cidade não poderia ficar ausente, e é em 2009 que Camarão é homenageado no 1° Festival de sanfoneiros de Brejo da Madre de Deus (PE).
Em 2010, participou do 1º Festival Internacional da Sanfona, realizado nas cidades de Juazeiro na Bahia, e em Petrolina, em Pernambuco, ministrando oficinas de sanfona. Ainda neste ano ele é homenageado no Festival de Inverno Garanhuns, com participações de vários artistas. Em 2011, ele fica envolvido em três projetos, o primeiro é uma turnê musical, chamada “Seguindo meus passos”, onde de um lado está o mestre; o professor; o pai: Camarão, e do outro lado o discípulo; o aluno; o filho: Salatiel D’ Camarão com 25 anos de carreira, onde trabalhou com Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Cauby Peixoto, Marinês, Patrick Dumon, Trio Nordestino, Moacir Franco, Genival Lacerda entre outros. Dentro deste projeto surge o segundo que é uma coletânea em um CD, com o mesmo titulo da turnê. O terceiro projeto é uma aula espetáculo onde junto com seu filho Salatiel D’ Camarão que é cantor, músico conceituado no mercado musical e professor (em formação) de Licenciatura Plena em História, através da Fundação de Ensino Superior de Olinda – FUNESO, trazendo ao conhecimento do publico a origem do estilo musical Pé de Serra e fala sobre os gêneros e subgêneros que nele habitam.
     Em 2012 lança seu terceiro CD chamado “Camarão 70 anos passeando pelos ritmos”. Ele gravou em 2013, um especial na Rede Globo Nordeste com a participação de Elba Ramalho, Josildo Sá, Beto Hortis, Geraldinho Lins, Thaís Nogueira, Santanna – o cantador e seu filho Salatiel D’ Camarão. Assim, o mestre gravou seu último trabalho e primeiro DVD, que foi lançado em 2014, intitulado “Mestre de Um Brejo Distante”. Onde ele gravou músicas de sua autoria e outras de amigos. As músicas de sua autoria foram: Festejos (Camarão/Ivan Bulhões), Sandro no frevo (Camarão) com a participação do seu filho Sandro Pik, Brás, pedacinho do norte (Camarão) com as participações de seus filhos Serginho Alves e Salatiel D’ Camarão, Arrastão (Camarão/Juarez Santiago), O tema é Dominguinhos (Camarão/Adolfo da modinha) com a participação de Beto Hortis, Forrozinho (Camarão) com a participação de Josildo Sá, Velha companheira (Camarão/ José Thadeu) com a participação de Geraldinho Lins, Estrada da vida (Camarão) com a participação do seu filho Salatiel D’ Camarão, Maxixe com Camarão (Camarão) e Canhoto (Camarão/Ivan Bulhões).         

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